sábado, 6 de agosto de 2011



Cabelo escorrido, rosto molhado. Era só mais uma noite de nostalgia excessiva; daquelas que te pegam desprevenido e te puxam pra uma onda de tristeza. Seu travesseiro preferido acolhia as lágrimas como se fossem suas, e a chuva lá fora trazia a saudade pra mais perto. Lembrou do sorriso, do olhar de lado… Lembrou dele. Um soluço doído saiu do peito, quase que rasgando aquilo que gostava de chamar de orgulho. Se sentia tão fraca. Por mais que merecesse um crédito por dar aquele sorriso quando estava perto das pessoas… Sozinha, toda essa máscara ia embora. O choro machucava, o coração partia-se ao meio. Lembrou um pouco mais dessa vez. A imagem das mãos entrelaçadas invadiu-lhe a mente; “Eu não sou boa o suficiente”. Deixou se levar pelas memórias, deixou se levar pelo gosto de sua boca… Pelo seu cheiro, pelo seu tato. O cafuné, o beijo na nuca. As palavras, o bem que a fazia. Sabia como agir, sabia como tocá-la. E quando ela queria se afastar, ele a puxava pra mais perto… Quando ela se mostrava irritada, ele lhe dava um abraço e dizia que a amava. Quando chorava, ele a beijava. Quando corria, ele ia atrás. Conhecia cada mínimo detalhe, cada piscar de olhos… Conhecia de tudo, até mesmo seu frágil coração. Que agora doía, que agora machucava. Ele conhecia muito bem aquele cristal, e nem por isso não o quebrou. Nem por isso tomou cuidado, nem por isso cuidou dele como se fosse seu. “Na real, é seu”; disse uma vez, mas ele nem sequer ouviu. Estava distraído olhando para o relógio ou prestando atenção na tevê. Chegava a ser um pouco engraçado, se você parasse pra analisar… Digo, o bem que a fazia. Tinha tanto poder sobre ela que a machucava sem perceber; fazia tanto mal quanto bem. Doía precisar dele, doía ser dependente. Mais que qualquer droga viciante por aí; ele entorpecia. Levava embora suas dores e logo em seguida era o motivo delas. Roubava seus suspiros para si e não os devolvia; era brusco. Ele era o cara perfeito. Aquele que não iria embora se ela pedisse, aquele que estaria presente até o fim. Ele seria feito em molde para ela… Se não tivesse mentido. Seria sua alma gêmea se não tivesse criado ilusões, seria o seu oxigênio se não tivesse dito que a amava. Mas ele o fez. E quebrou promessas. E partiu o seu coração. E se foi. Ah… E o levou consigo.  Para : Duda Magalhães 

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